Sobre
Carlos Sousa
Desde que me lembro que a minha vida está ligada aos animais. Quando era criança, ajudava o meu pai com o gado e, talvez por isso, tenha escolhido fazer formação profissional na área agro-pecuária.
Eu e o meu irmão, desde pequenos, íamos à vez com o meu pai levar o gado a pastar. No Verão, saíamos de casa às 17h e íamos com as ovelhas para um sítio distante. Depois, lá para as 2h da manhã parávamos, descansávamos umas horas com umas mantas por cima e no outro dia regressávamos. Nós gostávamos muito desses momentos. Quando crescemos, eu fiz um curso na Escola Agrícola de Carvalhais e o meu irmão foi para Lisboa, onde trabalha como funcionário judicial. Mas nem por estar mais afastado perdeu o gosto pelos animais. Quando cá vem, às vezes também quer acompanhar as ovelhas e reconhece-as muito bem.
Eu e o meu irmão, desde pequenos, íamos à vez com o meu pai levar o gado a pastar. No Verão, saíamos de casa às 17h e íamos com as ovelhas para um sítio distante. Depois, lá para as 2h da manhã parávamos, descansávamos umas horas com umas mantas por cima e no outro dia regressávamos. Nós gostávamos muito desses momentos. Quando crescemos, eu fiz um curso na Escola Agrícola de Carvalhais e o meu irmão foi para Lisboa, onde trabalha como funcionário judicial. Mas nem por estar mais afastado perdeu o gosto pelos animais. Quando cá vem, às vezes também quer acompanhar as ovelhas e reconhece-as muito bem.
“ O verdadeiro pioneiro disto tudo foi o meu pai. Foi ele quem começou. É ele o pastor do rebanho, aquele que lida com os animais como ninguém.”
Talvez por influência do meu pai, para mim, a relação com os animais não é uma obrigação. É um gosto. Mas também é uma forma de ter rentabilidade porque foi graças aos animais que a nossa casa foi progredindo. Destas ovelhas aproveitamos a carne e o leite. Já foi tempo em que a lã também era uma fonte de rentabilidade. Hoje, ninguém lhe pega.
Também foi por causa do meu pai, Manuel Luís Sousa, que optámos pela raça Churra da Terra Quente. É uma espécie de tradição que já vinha dos meus avós. O meu pai sempre gostou desta raça e nunca quis outra. A meu ver, esta é a raça que melhor se adapta à região. Lida bem com o nosso frio e com o calor, adapta-se bem às nossas pastagens. Para ser pura, esta raça tem que ter cornos, lã comprida e cauda definida.
No inverno (entre novembro e fins de abril), o nosso dia-a-dia com as ovelhas começa mais tarde. De manhã, ordenhamos, damos-lhes uma refeição de aveia no palheiro e só por volta das 10h30/11h é que elas saem para o campo com o meu pai. Dão a volta delas e ao fim da tarde regressam. Fazemos novamente a ordenha e damos um pouco mais de comida. No campo comem matéria verde e ao fim do dia, o suplemento seco dá-lhes o conforto de que precisam para passarem melhor a noite.
Hoje, a gestão da exploração está a meu cargo, com a ajuda do meu pai e do meu filho Ivo, licenciado em Agronomia. Mas o verdadeiro pioneiro disto tudo foi o meu pai. Foi ele quem começou. É ele o pastor do rebanho, aquele que lida com os animais como ninguém. O meu pai tem uma forma de comunicar com o rebanho que faz com que, por exemplo, ele não tenha, nem queira ter, cães de virar o gado. Temos cães de Gado Transmontano, que nos ajudam a proteger as ovelhas dos lobos, mas é o meu pai quem comanda os animais. Eles seguem-no para todo o lado. E todos nós aprendemos muito sobre o pastoreio com ele.
O meu pai guarda ovelhas desde que acabou a tropa. Nessa altura, ganhava 20 escudos por dia, mas preferia que lhe pagassem em ovelhas do que em dinheiro. Num ano ganhou 20 ovelhas. E, com isso, nunca mais deixou de ser pastor. Ele tem sempre muitas histórias para contar. Como o dia em que, com apenas 9 ou 10 anos, se encontrou com um lobo que andava atrás de uma ovelha. Ou aquela em que viu 7 lobos de uma vez. Talvez por isso, ainda hoje tenha medo de ir para a serra sozinho. Mas se levar os cães, vai com as ovelhas para todo o lado.
No inverno (entre novembro e fins de abril), o nosso dia-a-dia com as ovelhas começa mais tarde. De manhã, ordenhamos, damos-lhes uma refeição de aveia no palheiro e só por volta das 10h30/11h é que elas saem para o campo com o meu pai. Dão a volta delas e ao fim da tarde regressam. Fazemos novamente a ordenha e damos um pouco mais de comida. No campo comem matéria verde e ao fim do dia, o suplemento seco dá-lhes o conforto de que precisam para passarem melhor a noite.
Hoje, a gestão da exploração está a meu cargo, com a ajuda do meu pai e do meu filho Ivo, licenciado em Agronomia. Mas o verdadeiro pioneiro disto tudo foi o meu pai. Foi ele quem começou. É ele o pastor do rebanho, aquele que lida com os animais como ninguém. O meu pai tem uma forma de comunicar com o rebanho que faz com que, por exemplo, ele não tenha, nem queira ter, cães de virar o gado. Temos cães de Gado Transmontano, que nos ajudam a proteger as ovelhas dos lobos, mas é o meu pai quem comanda os animais. Eles seguem-no para todo o lado. E todos nós aprendemos muito sobre o pastoreio com ele.
O meu pai guarda ovelhas desde que acabou a tropa. Nessa altura, ganhava 20 escudos por dia, mas preferia que lhe pagassem em ovelhas do que em dinheiro. Num ano ganhou 20 ovelhas. E, com isso, nunca mais deixou de ser pastor. Ele tem sempre muitas histórias para contar. Como o dia em que, com apenas 9 ou 10 anos, se encontrou com um lobo que andava atrás de uma ovelha. Ou aquela em que viu 7 lobos de uma vez. Talvez por isso, ainda hoje tenha medo de ir para a serra sozinho. Mas se levar os cães, vai com as ovelhas para todo o lado.